É curiosa a época de crise: é um tempo onde a gente se desconstrói, como cobra trocando a pele; é a dor da mãe antes de parir, ansiando ver o rebento, e sua dor a cessar ante a alegria dessa chegada; é o confronto com a fragilidade, mesmo quando se acha forte; é a instabilidade ante o momento, a espera do novo, a notícia, o desespero antes da esperança. É cruzar sua história e não ver nítido seu final; é tempestade num barquinho desprotegido; é lacuna, hiato, espera, impasse.
Crise é um dilema, uma dicotomia, um antagonismo, algo que não temos preparo nenhum pra viver, mas, sabemos, é inevitável. Crise é esperar o amigo que não vem, é ser incompreendido, é carência, é solidão.
O curioso em toda crise é que, mesmo sabendo que ela passa, ainda ficamos enlouquecidos... humanidade à flor da pele, meninice, imaturidade. Na crise, homens se igualam.
Mônica Coropos, 2010
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