sábado, 4 de junho de 2022

SOBRE ACUSAÇÕES E JULGAMENTOS (Mônica Coropos)

 Toda a atenção é pouca: é preciso ter muito cuidado para não ser "comparsa" do inimigo, ferindo outros, distribuindo achismos e julgamentos por aí, numa capa de crítica construtiva ou opinião própria. Ser mais atento ao ser humano que está recebendo o que a gente fala é um exercício necessário. Afinal, se o objetivo é ajudar, colocar-se no lugar do outro é o primeiro passo para uma crítica ser bem recebida. 

A nossa visão é muito limitada. Nossa mente é levada a levantar os mais diversos pontos de vista e as mais variadas sugestões para "ajudar" o outro quando, muitas vezes, a nossa casa está toda desarrumada. Será que olhar pra fora está sendo mais fácil do que olhar pra dentro, e gastar tempo em resolver seus próprios desafios? Uma terapia em dia vai ajudar bastante para não corrermos o sério risco de nos tornamos meros acusadores e juízes. Afinal, quando somos nós que passamos por lutas, quando o erro é nosso, a única coisa que desejamos é recebermos um tratamento acolhedor, uma postura firme, mas afetuosa que nos transmita empatia e a certeza de que somos maiores de que um erro, uma circunstância pontual. 

Lembre-se; enquanto você aponta o dedo para alguém, o inimigo faz esta mesma acusação. O erro ou provação de alguém não deve ser palco para nosso julgamento, mas alvo da oração. Se não puder ajudar, fique em silêncio, ore. Já estará ajudando. 

quarta-feira, 6 de abril de 2022

MUSICALIZANDO COM ALEGRIA – Proposta metodológica de ensino da música através de músicas e atividades integradas na formação continuada de professores e aplicada a crianças: um olhar sob a perspectiva da Musicalidade Abrangente

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MÔNICA COROPOS

MUSICALIZANDO COM ALEGRIA – Proposta metodológica de ensino da música através de músicas e atividades integradas na formação continuada de professores e aplicada a crianças: um olhar sob a perspectiva da Musicalidade Abrangente

Mônica Coropos

monicacoropos@gmail.com

www.coropos.com

RESUMO

COROPOS, Mônica. Musicalizando com Alegria – Proposta metodológica de ensino da música através de músicas e atividades dirigidas na formação continuada de professores e aplicada a crianças: um olhar sob a perspectiva da Musicalidade Abrangente. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Letras e Artes. Escola de Música, Rio de Janeiro, 2017. 

A presente pesquisa apresenta a proposta metodológica Musicalizando com Alegria, que consiste no aprendizado musical através de músicas autorais, vivências e atividades dirigidas e aplicadas sob os eixos cognitivo, afetivo e psicomotor da Musicalidade Abrangente. Acreditando que a aplicabilidade da metodologia com crianças e na formação continuada de professores, em espaços formais e não-formais de ensino-aprendizagem atenua as distorções decorrentes da fragmentação do saber existente na realidade atual, sugerimos a implementação de propostas curriculares abrangentes que não incorram na unilateralidade e no isolacionismo de uma só abordagem, mas que busquem a unificação, a significação, a expansão e integralização do ensino-aprendizagem da Música, trazendo novo olhar às atuais e futuras pesquisas, pela dimensão ainda pouco explorada e com grande impacto para o cenário da Educação Musical. Com o objetivo de investigar a aplicabilidade da proposta metodológica Musicalizando com Alegria sob a perspectiva da Musicalidade Abrangente em ambientes de educação musical, foi estabelecida uma triagem nas fontes coletoras através de questionário semiestruturado auto administrado para recolhimento de informações de cunho relevante à pesquisa. A coleta de dados foi realizada em território brasileiro, constituindo-se sujeitos, alunos do Curso de Licenciatura em Música do Instituto Brasileiro de Educação Superior Continuada e do Curso de Iniciação Musical da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, professores participantes das oficinas e membros dos grupos de WhatsApp Musicalizando com Alegria. Os resultados da investigação apontam a relevância para a consolidação de um ensino de música abrangente, contribuindo para as necessárias mudanças no sistema educacional vigente, sobretudo nos cursos de Licenciatura em Música, que formam professores que irão atuar em diversos espaços de ensino. Recomendamos um acompanhamento destes professores entrevistados para que ampliem seus conhecimentos acerca da Musicalidade Abrangente e na aplicabilidade da proposta metodológica Musicalizando com Alegria, como contribuintes ao seu crescimento pessoal e profissional. O estudo corrobora para posicionar a Educação Musical como instrumento de mudança da complexa realidade educacional dos dias atuais, imprimindo assim um pensamento ix abrangente, multidimensional, transdisciplinar e amplo, comprovando a necessidade de prosseguirmos avançando em busca de transformações, nas nuances e no movimento vivos do conhecimento. Palavras-chave: Musicalizando com Alegria. Musicalidade Abrangente. Educação Musical. Formação Continuada de Professores. 


Para saber mais: DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MÔNICA COROPOS

ABSTRACT 

COROPOS, Mônica. Musicalizando com Alegria – Proposta metodológica de ensino da música através de músicas e atividades dirigidas na formação continuada de professores e aplicada a crianças: um olhar sob a perspectiva da Musicalidade Abrangente. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Letras e Artes. Escola de Música, Rio de Janeiro, 2017. The present research presents the methodological proposal Musicalizando com Alegria, which consists of musical learning through songs, experiences and activities directed and applied under the cognitive, affective and psychomotor axes of Comprehensive Musicianship. Believing that the applicability of the methodology to children and in the ongoing training of teachers in formal and non-formal teaching-learning spaces mitigates the distortions arising from the fragmentation of existing knowledge in the current reality, we suggest the implementation of comprehensive curricular proposals that do not unilaterally and in the isolationism of a single approach, but that seek the unification, the signification, the expansion and payment of the teaching and learning of Music, bringing new look to current and future research, for the dimension still little explored and with great impact for the scenario of Music Education. With the objective of investigating the applicability of the Musicalizando com Alegria methodological proposal from the perspective of the Comprehensive Musicianship in musical education environments, a sorting in the collecting sources was established through a semi - structured self - administered questionnaire to gather information of relevance to the research. The data collection was carried out in Brazilian territory, being subjects, students of the Music Education course of the Instituto Brasileiro de Educação Superior Continuada and of the Course of Musical Initiation of Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, participants of the Workshops and members of the groups of WhatsApp Musicalizando com Alegria. The research results point to the importance of consolidating a comprehensive music education, contributing to the necessary changes in the current educational system, especially in courses which form teachers who will work in different educational spaces. We recommend a follow-up of these interviewed teachers to broaden their knowledge about Comprehensive Musicianship and the applicability of the methodical proposal Musicalizando com Alegria, as contributors to their personal and professional growth. The study corroborates to position Musical Education as a tool to change the complex educational reality of the present day, thus imparting a comprehensive, multidimensional, transdisciplinary and broad thinking, proving the need to continue advancing in search of transformations, nuances and movement knowledge. xi Key words: Musicalizando com Alegria, Comprehensive Musicianship, Musical Education, Ongoing training of teachers. 


Para saber mais: 

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terça-feira, 5 de abril de 2022

Recursos Didáticos e Educação Musical: Um olhar sob a Proposta Metodológica Musicalizando com Alegria Mônica Coropos

 Recursos Didáticos e Educação Musical: Um olhar sob a Proposta Metodológica Musicalizando com Alegria

                                                            Mônica Coropos

                                          (monicacoropos@gmail.com)

É preciso virar a chave: As transformações educacionais exigem do educador musical a contextualização dos métodos e metodologias. Apesar da tecnologia, produção de materiais e dos avanços e diversificação das ferramentas, ainda é perceptível a timidez dos educadores musicais em ousarem romper o modelo tradicionalista de ensino. O presente trabalho traz luz a esta percepção e colabora por trazer uma proposta de ensino e aprendizagem em que educador musical e aluno atuem e vivenciem os conteúdos abordados, saindo da passividade e, ao invés da memorização e reprodução destes, sejam apresentados a um novo paradigma de participação: uma participação experiencial e ativa na construção e sedimentação dos seus conhecimentos. Os recursos didáticos são uma potência para a vivência e sedimentação dos conteúdos, seja nas aulas individuais, no ensino não-formal ou formal, pois estes têm a capacidade de despertar e estimular os mecanismos sensoriais, fazendo com que o aluno desenvolva sua criatividade, tornando-se participante ativo de construções cognitivas. 

         Em um mundo globalizado e tecnológico, é necessária uma constante reflexão na forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado, orientado, coordenado pelo professor, com participação dos alunos, seja de forma individual ou coletiva, certamente tem mais a contribuir para a aprendizagem do aluno, se comparado ao ensino tradicional. Especificamente no ensino e aprendizagem da música, concordamos com quando diz que os recursos didáticos podem contribuir para que processo ocorra de forma lúdica e atraente, despertando o interesse através da experimentação, partindo do sensorial para a formação do conceito. Por meio dos recursos didáticos é possível ensinar os conceitos de ritmo, melodia, harmonia, timbre, altura, duração, intensidade, dentre outros que são relevantes para o desenvolvimento da musicalidade abrangente desde a infância. Os recursos didáticos, possuem o potencial de gerar motivação, prazer e benefícios como o desenvolvimento da criatividade, o conhecimento das diversas manifestações artísticas e culturais, desenvolvimento das habilidades musicais como a acuidade auditiva, a escuta ativa, a percepção dos parâmetros do som, o emprego da dinâmica, a criação e sensibilidade. 

É possível criar ambientes favoráveis ao ensino e aprendizagem através dos recursos didáticos. Por sua diversidade e pela extensa possibilidade de disponibilizarmos recursos de todo valor aquisitivo – quer sejam comprados, confeccionados, reciclados - devemos utilizar tudo que temos à nossa disposição. Os recursos didáticos são imprescindíveis e considera-se que são um dos caminhos mais eficazes de auxílio ao ensino. Usar recursos didáticos nas aulas é ensinar o mesmo conteúdo de formas diferentes, é reforçar o aprendizado, através de experiências cheias de significado, afetividade e socialização. É externar o cuidado na preparação das aulas, pois estas acontecem bem antes do horário agendado, exigindo de quem ensina a pesquisa, a reflexão, a criatividade, a elaboração. 

Os recursos didáticos são ferramentas para auxiliar o aprendizado dos conteúdos e objetivos da educação musical pois são parte do processo educativo. Eles não substituem a atuação do professor: sua função é aumentar o alcance das mensagens, ou seja, fazer com que o maior número de alunos possa assimilar o conhecimento. É o professor que dá vida às aulas, permitindo que um conhecimento seja vivenciado e experimentado de diversas maneiras, permitindo o aprofundamento, a pesquisa, a dúvida. 

Transformar cada encontro e aula em um momento significativo passa pela compreensão de que se faz necessário modificar a forma de ensinar e de aprender. Ao invés de acúmulo de informações fragmentadas e desconectadas da prática musical, do fazer, do criar e do pertencimento que deve ser nutrido com a música, os recursos didáticos trarão um aporte mais compartilhado, orientado e coordenado pelo educador musical que, atraindo a participação dos estudantes fará do tempo de estudo da música um tempo de desenvolvimento e ampliação do saber musical, da transdisciplinaridade e de uma Educação Musical abrangente. 

sábado, 8 de janeiro de 2022

A EDUCAÇÃO CRISTÃ, A CRIANÇA E A MÚSICA: Estratégias curriculares (Parte 1) Mônica Coropos

 A EDUCAÇÃO CRISTÃ, A CRIANÇA E A MÚSICA: Estratégias curriculares (Parte 1) 

Mônica Coropos

A incontestável e marcante presença da Música na igreja, não faz desta ferramenta algo que se use com excelência. Diante de um vasto e eclético repertório - disponível hoje facilmente na internet, além de certa facilidade na obtenção de materiais e instrumentos, nem mesmo o público adulto dispõe das melhores possibilidades quando o assunto é Música: consome-se, em geral nas igrejas, cantos com Teologia rasa- quando não, duvidosa. O resultado é o declínio da qualidade nas celebrações, o baixo conteúdo no ensino de hinos e cânticos, crentes sem a dimensão do que se é adorar. Neste contexto, as crianças, sem dúvida, recebem os estilhaços da “adoração fast- food” e não crescem recebendo o melhor ensino, a chance de aprender a tocar um instrumento, de participar de um coro infantil, de um grupo instrumental como a Bandinha ou Flauta doce. Os berçários de algumas igrejas são verdadeiros depósitos de bebezinhos lindos e indefesos, suscetíveis a ficarem todo o período em que os pais cultuam ou estudam a Bíblia, a intermináveis vídeos, sem planejamento curricular ou intencionalidade no seu desenvolvimento espiritual.
A ausência de pensamento educacional cristão por parte de pastores e diretorias eclesiásticas, vem dificultando e negligenciado o celeiro das categorias de base: as crianças. Alguns conscientes, outros ainda não, elegem os mais despreparados para “ensinar” e “cantar” com as crianças. 
O grande desafio de fazermos a diferença quando o assunto é Educação Cristã, nos leva à aliar e envolver a Música - como área do conhecimento e ministério, à sedimentação do ensino bíblico e de suas bases espirituais. 

1. O que cantar? 
A triagem do que cantamos com as crianças antes e depois do estudo bíblico, nas lições missionárias, nas mensagens dos cultos infantis e nos diversos temas curriculares, fará toda a diferença para a sedimentação do conhecimento. Afinal, não podemos estar alheios à guerra palpável do tempo presente - onde o adversário vem com um artefato tecnológico, colorido, atraente e sonoro, mas que é usado para mergulhar as crianças em suas artimanhas. A escolha dos cantos precisa ser planejada juntamente com os demais itens do currículo. É importante ter um acervo organizado em pastas no computador e nos grupos dos professores, com uma listagem de títulos de canções para os diversos temas abordados naEducação Cristã: adoração, louvor, oração, oferta, missões, céu, Espírito Santo, Plano de Salvação, Comunhão, versículos bíblicos, histórias bíblicas, são alguns dos principais. É possível conseguir links das músicas no YouTube ou pegar partituras e cifras para tocar ao vivo. Usar o gravador do celular para que líderes de crianças mais experientes gravem os cânticos históricos de EBFs, Amigos de Missões - Como os do hinário Cânticos de Salvação para Crianças, por exemplo - farão o acervo crescer e atender a todos os campos de atuação da Educação Cristã.

2. Quais as áreas em que Educação Cristã e Ministério de Música devem dar as mãos no trabalho com crianças?

2.1 Estímulo no Berçário

Se engana quem acha que os bebês não aprendem. Muito mais do que cuidadores, precisamos de educadores no berçário, líderes embasados e preparados para esta fase do desenvolvimento espiritual da criança. O uso de instrumentos pequenos, objetos sonoros, músicas com mensagens curtas são alguns dos exemplos para o trabalho musical no berçário. Recomendo o material da UFMBB chamado “Eu sou assim” e o CD Três Sementes como base do planejamento.
Desenvolvimento motor, da sensibilidade, expressões e emoções
A expressão corporal, as expressões e emoções devem ser trabalhadas através da música. Em geral, crianças gostam de canções com gestos e as que promovem cumprimentos, risadas e outras reações. É importante fazê-la perceber que existe uma música para cada momento. Por exemplo, a música de confraternização promove deslocamento e cumprimentos; a música de celebração, promove alegria e festa na presença do Senhor; a música de oração, promove a contrição, a reverência.

2.2 Canto coletivo ou congregacional

O canto coletivo - em nossas igrejas chamado Canto Congregacional, é um dos principais meios de transmissão da fé cristã. Muitos de nós lembra do hino cantado no dia em que aceitou a Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Muitas músicas e louvores cantados nos cultos, acampamentos, festas e outras programações, marcam nossa trajetória de vida. Todo crente poderia construir sua linha do tempo através de músicas importantes. Cantar junto traz a ideia de pertencimento, socialização e comunhão. Nem toda música é congregacional, ou seja, servem para o culto com crianças. O acervo de repertório mencionado no tópico acima pode conter sinalizações que diferenciem as músicas para serem usadas em culto, das músicas para serem usadas para acampamento, aniversário ou brincadeiras sociais. Esta diferenciação precisa ser entendida. 

2.3 Participações Musicais no Culto Infantil

É muito importante que a criança seja preparada e tenha espaço para lapidar suas habilidades e talentos. O educador cristão e o ministro de música precisam detectar as crianças que cantam e tocam e prepará-las para atuarem e participarem do culto infantil e no culto de adultos. As crianças que participam tocando ou cantando nos cultos precisam entender que são servas e não estrelas. Sabemos que os objetivos do Culto Infantil na igrejavão muito mais além do que simplesmente ensinar “musiquinhas”. A música do Culto Infantil é primordial para ensinar a Palavra de Deus, auxiliar na memorização de versículos, e levar as crianças a terem momentos de profunda adoração e comunhão com Deus. As músicas do culto infantil devem ter qualidade, letra apropriada para ao entendimento das crianças e devem ser condizente ao tema do Culto Infantil, para enfatizar o ensino. 

2.4 Bandinha Rítmica

Indicada a partir dos 4 anos, a Bandinha Rítmica é um trabalho rico em musicalização, socialização e preparação das crianças para tocarem um instrumento. Iniciar a prática Instrumental nainfância, desenvolve a percepção musical das crianças, além de aspectos socioemocionais, psicomotores e cognitivos. 
A Bandinha aproxima a criança do serviço cristão. Para o trabalho, é possível iniciar com:
- Instrumentos específicos para bandinha rítmica;
- Instrumentos de Sucata;
- Instrumentos de Bolso (chaveiros, lápis, canetas, etc); 
⁃ Instrumentos de Percussão;
- Sons do corpo.

No próximo artigo, seguiremos com o tema. Enquanto isso, que tal orar e convidar pessoas com habilidades musicais para integrar às equipes de Educação Cristã infantil? Um apelo aos músicos que são familiares das crianças pode ser um excelente começo! Acredite, trabalhe e incorpore estratégias curriculares que alcancem o coração dos pequeninos através do tripé EDUCAÇÃO CRISTÃ, CRIANÇA e MÚSICA. 

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Perspectiva (@monicacoropos)

 


Primeiro período na Faculdade. Primeiro tempo  da segunda-feira. Primeira disciplina no curso de Licenciatura em Educação Artística: PERSPECTIVA.

As grandes janelas de vidro, a sala cheia de mesas de desenho, uma professora elegante e austera. Nunca esquecerei da primeira tarefa: faça um desenho e marque a PERSPECTIVA. 

O que? Como? Alguém pode dizer que minha praia é Música?

Não, ninguém podia… Nem eu, uma menina perdida num campus enorme, diante de pessoas desconhecidas, numa timidez… enorme! 

Desenho a bandeira do Brasil “chapada” no papel. Olho paro os lados e vejo desenhos lindos de prédios, ruas, arvoredos. Entrego o trabalho. Finalmente, os olhos da professora cruzam-se aos meus. Ela percebe minha angústia e entende que precisaria ter paciência extra comigo naquele semestre.

Ela mudou a PERSPECTIVA. Eu também. Meus traços foram ficando mais confiantes a cada segunda-feira. Já conseguia desenhar ruas, casas, arvoredos e horizontes com luzes e sombras. Ainda não tinha traços firmes, e tremia ante aos desafios crescentes e diante da exigente professora, mas já lidava bem com o “ponto de fuga”, a tridimensionalidade ou a observação - próxima ou distante de um objeto.

Trago a lição pra vida. É preciso nutrir a sensação esperançosa, escolher a forma e a postura de enxergar as coisas. Abrir-se para o novo, enxergando o potencial fantástico que possui para ser mais que bom, ser excelente. 

PERSPECTIVA vem do verbo “perspectivar”. E eu sei que consigo enxergar além das circunstâncias.