domingo, 14 de outubro de 2012
AVALIAÇÃO: Meus primeiros estudos (Mônica Coropos, 2012)
A ideia de avaliar, ser avaliado, mensurar um conhecimento, nivelar alguém por um ranking de critério pre-definido, criar hierarquias de excelência, não está longe de nenhum de nós. De acordo com Perrenoud*, a avaliação não é uma tortura medieval, mas uma invenção nascida nos colégios, por volta do século XVII.
Avaliar é, sem dúvida, instrumento de negociação: professores conseguem o silêncio da classe por conta da ameaça de uma prova surpresa ou de um trabalho difícil (quem já não passou por isso?); pais são alertados quanto ao desempenho de seus filhos durante o ano letivo, nas reuniões onde os boletins sinalizam uma possível reprovação se o aluno continuar "assim até o fim do ano"... E assim vamos...
Pensar a avaliação mexe com qualquer educador. Não é por demais perturbador o fato de que, através da avaliação, estigmatizamos a ignorância de alguns e celebramos a excelência de outros?
Divergências e considerações à parte, sabemos que ninguém avalia por avaliar. Avalia-se para fundamentar decisões, para reafirmar normas e formas educacionais. Avalia-se para que se possa dar continuidade a um curso ou ciclo escolar, para se obter uma certificação, para conseguir uma almejada vaga de emprego.
O tempo vai passando e, Bloom** chega, na década de 1960 dizendo que "todo mundo pode aprender". Seus estudos mostraram que 80% dos alunos podem dominar os conteúdos de um programa, com a condição de organizar o ensino de maneira a individualizar estes conteúdos, o ritmo das modalidades de aprendizagem em função de objetivos claramente definidos.
Em meio aos estudos e debates atuais, às vibrantes defesas de uma Pedagogia formativa em contraponto à Pedagogia normativa, ainda vemos alunos sendo obrigados a seguir e cumprir os mesmos programas e prazos, pelo simples fato de terem a mesma faixa etária: Apesar do tema estar em evidência, estamos longe de um desfecho. As coisas em Educação não se impõem rapidamente.
*Philippe Perrenoud é um sociólogo suíço que é uma referência essencial para os educadores em virtude de suas idéias pioneiras sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos. Perrenoud é doutor em sociologia e antropologia, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra e diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação (Life), também em Genebra.
** Exerceu grande influência nos processos de planificação e de avaliação e a partir dos anos 60 a
“Taxonomia de Bloom” serviu de base para os processos de ensino, sendo matéria de estudo
obrigatória em todos os Cursos de Formação de Professores.
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