Comecei cedo a caminhada musical cristã. Aos 10 anos já tocava num grupo jovem e até ajudava no ensaio do coro tocando as notinhas de cada voz. Em todo esse tempo, tenho convivido de perto – muito de perto – com meus colegas-irmão-músicos. Pra quem nasceu e foi criada na igreja, ser corista, instrumentista, regente, backvocal, passar por um ensaio atrás do outro no domingo, fora os da semana... Da agitação e desgaste, até a euforia e sentimento de dever cumprido quando as coisas dão certo, as vidas se convertem, a igreja canta “como se arrebatada”... Que privilégio, digo sempre: amo muito tudo isso!
Hoje, estou aqui simplesmente para deixar registrado a nós e às futuras gerações de que vale à pena mesmo participar do Ministério de Música de uma igreja local. Se você trabalha com música em outras esferas, sabe que faz diferença todo “estágio”, oportunidades, experiência e prática que a igreja dá. E se você é músico na igreja, mas trabalha em outra área na vida, sabe que, de igual modo, sua vida não seria igual sem a vivência que você tem. Então, estamos conversados: é bom pra todo mundo.
Privilégio imerecido mesmo, esse de ser crente-músico. Já pensou sobre isso? Então, vamos caminhar juntos na reflexão. Vem comigo, e observe os pontos a seguir:
• Olhe como as coisas acontecem na igreja. Todos são músicos em potencial. A música se mistura à história da igreja, do berçário à terceira idade. Como um, cantamos hinos em culto ao Deus do nosso louvor. Isso nos iguala, nos torna corpo. A música é ferramenta, o músico, um instrumento. Na congregação, não sou doutor ou aprendiz: Sou adorador.
• O ponto acima aponta pra uma verdade: tudo que sou, tenho, habilidades e performances, talentos... tudo é Dele e para Ele. Significa que, se sou um músico, devo tirar a glória de mim todo o tempo e tributar tudo a Deus. É um trabalho contínuo. Um exercício. Um cuidado. Quando reconheço que é Dele o louvor, toda a excelência da performance deve ser canalizada pro lugar certo: para o Senhor! A glória não é minha. Mesmo que uma plataforma mais alta, jogos de luzes, aplausos ou reconhecimento estejam sobre mim e meus talentos, a Ele toda a glória. Difícil? Não deixe de exercitar. Muitas vezes, isso vai sugar mais de você do que a própria partitura...
• Na igreja, todos devem ter oportunidades. Os que estão chegando, acolhidos e inseridos nos grupos, posteriormente, nas escalas. Os menos experientes aprendendo com os formados. Os formados, aprendendo a discipular, lembrando como começaram todo o tempo, dando oportunidades, porque, afinal, não querem ser notados, mas estão conscientes de que precisam deixar um legado. Alguém já disse que um bom líder é aquele que consegue deixar tudo funcionando, mesmo quando ausente. Significa que frases do tipo “se eu não, for nada acontece” estão totalmente out.
• O ponto a seguir é sério demais: Veja sua liderança como autoridade sobre sua vida. Parece chover no molhado, mas tenho visto alguns não atentarem para este fato. Um líder sobre sua vida não necessariamente toca, rege ou canta melhor que você. Mas é autoridade, e você deve honrá-lo. Um líder nunca deve ser tratado com deboche, não deve ser alvo de comentários maldizentes ou não edificantes quando ausente, nem mesmo em família. Deve ser ajudado, ter no seu músico um ajudador, um filho, um amigo. Isso, sim, faz com que críticas sejam aceitas, idéias novas sejam incorporadas, o trabalho expanda. Mentes santas de líderes e liderados só podem gerar crescimento do Reino, da igreja local aos confins da Terra.
• Relacionamento vem antes de fazer música junto, sabia? Pois é. Tudo isso que já está na bíblia há um tempão e que ganha cada vez mais espaço no mundo, deve ser premissa pra nós: ser time, ser equipe, pensar o bem coletivo, ... Só vai acontecer se eu e você nos preocupamos com o outro pelo que ele é, e não porque ele toca ou canta bem (ou mal!). Exigirá tempo, oração com e pelo outro, encontros fora dos ensaios, lista de e-mails, visitas... Lembra das músicas “eu preciso de você, você precisa de mim”, “somos um pelos laços do amor”, “somos corpo, e assim bem ajustados”...? Pense também naquela: “a começar em mim, quebra corações, pra que sejamos todos um”... Aí, vai ficar fácil entender aquela olhada, aquela piscadinha na hora de voltar pro refrão, e até quando o arranjo não ficou como no ensaio... Relacionamento e comunhão entre músicos e demais irmãos da igreja (sim, músicos são parte da igreja, devem relacionar-se com todos!). Todos ganham também.
• Nem ia entrar na questão, mas, já que estou aqui vou falar de culto. Você já deve saber que a forma “que dá certo” numa igreja não é necessariamente a que dá pra outra. Cada grei tem seu jeitinho – que saudável a diversidade saudável! – de cultuar a Deus. E grife isso: é a Ele a quem devemos agradar em um culto. Portanto, trabalhe em você, depois em toda a congregação, que nem sempre será o hino ou canto que eu prefiro. Afinal, estamos falando de uma “platéia de um só” - o Senhor. O culto é centrado Nele. A pergunta é: O Senhor se agradará dessa música? E...
• ... se é assim, seria bom dar uma verificada na mensagem do que veiculamos no culto, através das várias formas de musicá-lo: Coros, grupos, bandas, danças... A letra aponta pra Cristo? Cuidado pra não ser um mero reprodutor do que a mídia evangélica tem tocado. O conteúdo, a coerência com a Bíblia, os erros de concordância... “pano pra manga” esse assunto.
Concluindo, penso que podemos caminhar muito atentando para os pontos acima. Precisamos dialogar o tempo todo para crescermos como igreja no tempo que se chama hoje. Eu não quero ser entrave pro crescimento espiritual de alguém ou para a grande obra de evangelização. Quero ser músico-servo, cabeça aberta, mente de Cristo. Você quer também, eu sei. O Senhor quer, e tem procurado quem assim o seja. Então, é isso.
Realmente...
ResponderExcluira vida de músico-crente é especialmente selecionado por Deus. experiência única!!
Bjs